AUTISMO

 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido crescente e atinge atualmente uma em cada 88 crianças nascidas nos EUA. Com diversas variações na forma de se apresentar e tratamento baseado em estratégias específicas para cada indivíduo, o Autismo pode ser incapacitante se não for diagnosticado a tempo e tratado adequadamente por profissionais especializados, mas ainda há uma enorme defasagem de profissionais especializados para atender essa população.

Em função do largo espectro dentro do qual se manifesta, o autismo afeta aproximadamente uma em cada 88 crianças, segundo cálculos recentes do Center for Desease Control (CDC), dos EUA.

O crescente aumento da incidência deve-se às especificações mais detalhadas dos sinais da síndrome, à sua divulgação, e à capacitação dos profissionais responsáveis para reconhecê-los. “Embora não haja cálculos estatísticos para o Brasil como um todo, é razoável supor que a incidência seja muito próxima da internacional”, explica Goyos que é coordenador do Laboratório de Aprendizagem Humana, Multimidia Interativa e Ensino Informatizado (Lahmiei), da UFSCar.

Família sem acompanhamento pode se desestruturar

Goyos lembra ainda que os índices são assustadores porque, além do transtorno do autismo afetar aproximadamente uma em cada cinco famílias, cada caso pode ser o responsável pela desorganização e desestruturação do ambiente familiar.

“O diagnóstico pode demorar meses ou até anos para ser concluído. Durante este período perdura a mais absoluta e angustiante incerteza sobre a vida da criança, dos pais, e da família”, diz o pesquisador que também é Editor-Chefe do International Journal of Behavior Analysis Applied to Autism (IJOBAS).

Outros problemas se somam a isso como, por exemplo:

  • A criança com autismo exige, em grande parte dos casos, atenção e cuidados intensos continuadamente em 100% do seu estado de vigília;
  • Há poucos serviços especializados e de qualidade disponíveis;
  • Há carência de profissionais em número suficiente qualificados para ocupar todos os espaços necessários para intervenções satisfatórias, na família, na escola, e na comunidade como um todo
  • Não há programas de ensino especializados e em número suficiente para capacitar profissionais da área de saúde e de educação;
  • Também não há programas que capacitem os pais e familiares;
  • Pela intensidade da atenção necessária, muitas vezes os próprios pais se dedicam ao trabalho de cuidadores, e isso pode significar o início da ruptura da organização familiar.

Sintomas

Os sinais do autismo encontram-se situados em três áreas amplas e relacionadas:

Na esfera do desenvolvimento da linguagem, que se manifesta com atraso, ou com grandes deficiências, tais como déficits na fala e na compreensão da fala, fala repetitiva (ecolalia) e fora de contexto;

Na esfera do envolvimento social, se manifesta através da ausência do contato com outras pessoas, mesmo do contato visual e físico – a criança não busca nem reage a contatos com outras pessoas – ou do conseqüente isolamento social;

Há ainda excesso de comportamentos repetitivos, não-funcionais, estereotipados – tais como, movimentos com as mãos e braços, ou movimentos pendulares do tronco – ou mesmo auto-abusivos.

Mas é importante lembrar:

Cada criança se apresenta com uma combinação diferente dos sinais, caracterizando-se como única em tipo e em necessidades;

A forma da criança reagir frente a brinquedos corriqueiros para a criança da mesma idade pode dizer muito a respeito de sinais do autismo;

Crianças somente com autismo apresentam aparência física normal, na maior parte das vezes;

Crianças que sistematicamente evitam contatos visuais, contatos físicos e sociais com outras crianças e adultos podem manifestar outros sinais do TEA;

Crianças que interagem somente consigo mesmas e nunca com outras crianças ou adultos, podem apresentar outros sinais do TEA;

Capacitação de profissionais

No Brasil, apesar da alta demanda, as pesquisas do Transtorno do Espectro Autista e a rede de tratamento ainda são iniciativas isoladas. Na perspectiva de mudança dessa realidade, o Lahmiei/UFSCar abriu inscrições para o curso de pós-graduação lato sensu “Análise do Comportamento Aplicada (ABA) ao Autismo”, que será realizado a partir de março de 2014, com duração de 2 anos. “O curso envolve aulas teóricas e práticas. Vai desde a caracterização dos indivíduos ao tratamento de comportamentos auto-lesivos e repetitivos”, explica Celso Goyos, pesquisador, professor e coordenador do LAHMIEI.

Fonte: Trechos de Artigo da Revista Sentidos.